quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

A mulher de ontem é a mulher de hoje

Por Bruno de Almeida


Meninas, garotas, mulheres, desde muito tempo, são depreciadas tanto no tocante às suas capacidades, quanto em seus aspectos físicos. Uma questão histórica, enquadrada no Feudalismo, denota bastante tal desrespeito. Inicialmente, naquela época, a sociedade era caracterizada como patriarcal, ou seja, baseada em sobrepor a mulher e retirar dela todo o direito que os homens possuíam, conferindo à população feminina uma inferioridade. Como exemplificação, adotamos a Prima-Núpcia, uma prática comum na época do Feudalismo em que a mulher, depois de casada, teria que passar a primeira noite com o suserano do vassalo. Ademais, o direito sexual não era garantido, haja vista que a mulher tinha de ficar estática durante a relação sexual, pois caso esta se movesse, era dita como meretriz. Pois bem, o homem agia na sociedade com base em leis Consuetudinárias; leis essas que eram apenas faladas, não eram escritas, muito menos registradas, denotando um caráter rudimentar na legislação. Desse pressuposto, nota-se que a sociedade não era sistematizada como hoje, mais notadamente pelo fato de que o poder geral era descentralizado, mas o indivíduo social criou os Três Poderes Políticos, a Constituição e as Assembléias, o que representa um salto, principalmente, nas áreas política e jurídica. Entretanto, a aceitação do outro ficou para trás; é até cabível para uma sociedade que não tinha leis devidamente organizadas possuir uma sociedade preconizadora, mas, depois de todo esse progresso, a ideia patriarcal manteve-se imutável. O avanço no bojo político-social fora substancial, mas o valor para com o conjunto feminino estagnou-se, parou no tempo, em partes. Ora, em certa medida porque as mulheres conquistaram, por exemplo, a Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/06) e um dia que homenageia sua existência – dia esse que fora conquistado diligentemente, diga-se de passagem. Mas essa vitória mostra-se ilusória, conforme fora apresentado, inicialmente, numa notícia no A TARDE Online: ‘‘Lei Maria da Penha não muda o panorama de impunidade’’, e ainda reforçando que: ‘‘Os números confirmam o que a sociedade já sabe há muito tempo sobre a violência doméstica: a cada 15 segundos uma mulher brasileira é espancada pelo parceiro, segundo levantamento da Fundação Perseu Abramo’’. Novamente, o desrespeito para com a mulher é percebido, embora tenha uma lei que a proteja.


Não obstante, o valor da população feminina tem sofrido uma baixa por fatores ultrapassados, como o machismo. É duro encarar tal quadro desalentador em pleno século XXI; época em que a mente humana deveria estar atenta ao mundo, tanto em suas questões humanitárias, quanto ambientais. Embora a parcela feminina esteja ganhando, aos poucos, seu espaço nas esferas sociais, o objetivo almejado se encontra barrado por questões de não aceitação e de segregação, o que dificulta conferir uma singularidade entre homens e mulheres. A mídia, por exemplo, a qual detém um dos maiores poderios comunicativos, veicula a figura da mulher quase sempre associada ao degradado, relativizando-as a um contexto desfavorável onde, muitas das vezes, é vista como objeto sexual e vilã, no caso de programas televisivos; quase nunca a mulher é associada como insigne.


Além do mais, pode-se abrir mais uma problemática: a mulher negra na sociedade. Esta, por sua vez, encontra-se atrelada no âmbito do preconceito, o que reflete no engrandecimento no número de mulheres desempregadas. De acordo com o relatório feito pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), analisando dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2006 e atualizados em 2008: ‘‘A porcentagem de desemprego entre homens brancos chega a 12,6%, quase a metade da observada entre mulheres negras (24,7%)’’. Tal citação denota e suscita mais ainda o que fora argumentado anteriormente, refletindo, de fato, a situação por que passa mulher negra, no país. Uma situação completamente adversa à fundamental importância do ser feminino. Além do mais, não é difícil perceber que a mulher sofre em várias etapas da vida e, como citação, podemos explicitar a questão do nascimento, pois a partir do momento que uma mulher gera um novo ser, a mesma sente uma dor nunca experimentada pelo homem, dor esta que é suportada para a geração de uma vida. Tal fato serve de motivo suficiente para que a mulher tenha seu espaço no meio, sendo vista como pertencente ao meio social e que carece de melhores condições. Com efeito, o respeito para com a mulher representaria um passo saliente a fim de atingir uma sociedade igualitária entre os sexos.

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