sexta-feira, 9 de julho de 2010

É tudo 1 real

Entro no ônibus, passo pelo borboleta e sento naquele lugar privilegiado, aquele onde sou só eu, não tem ninguém ao lado para que eu precise me ajustar, dar licença ou ter que ouvir qualquer conversa. É de fato, o canto mais egoísta do ônibus. Ligo o mp3, como se quisesse me abstrair de tudo que acontece no ônibus. Percebo a presença do baleiro, vendendo duas caixinhas de chiclete Mentos por 1 real. Como no dia, dinheiro não me era um problema, comprei para que me aliviasse o cansaço da longa viagem. Cada caixinha vinha com 5 gomas de mascar. Ao abrir a primeira, peguei os 5 e já ia colocar todos na boca, quando pensei: "Nossa! O que as pessoas vão pensar de mim ?". Optei em colocar 3 e em pouco tempo, engoli-os , sem medo de grudar nas tripas. E logo depois engoli os 2 restantes, sabia,do alto do meu egoísmo, que ainda teria outra caixa a minha disposição. O julgamento que as pessoas poderiam fazer sobre a minha estupidez com os chicletes não foi suficiente para que eu me impedisse de cometê-la. Daqui a pouco, me dei conta da minha ignorância e tentei parar, mas repeti a cena com a segunda caixa de chiclete.

No final, achei graça de tudo, guardei as caixas de chiclete no bolso, para que a cena permanecesse na minha memória afetiva. Dali a pouco, comecei a pensar de como o ser humano trata sem cuidado, um bem que aparentemente estará sempre a sua disposição. Comecei a rir, a falar sozinho,a discutir comigo mesmo. Achei que as pessoas estariam rindo de mim, me achando louco. Mas novamente, o julgamento das pessoas não me intimidara. Lembrei-me por um instante das minhas aulas de Ciências Do Ambiente e sim, consegui estabelecer uma relação: As pessoas não levam a sério a ideia de desenvolvimento sustentável porque não acreditam na finitude dos recursos naturais. Acham que sempre vai ter uma caixinha disponível para elas e para as futuras gerações.

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