domingo, 23 de maio de 2010

Releitura da experiência

Minha experiência com a leitura vem de longa data, mas não com o prazer que tenho hoje. Fui uma das primeiras a aprender a ler e escrever na minha turma. Meu pai sentava-se à mesa de jantar. Uma mesa cor de mogno que mudara de cor várias vezes durante minha infância, graças a um recurso chamado lacca. Ele me ensinava o alfabeto, a escrever meu nome e outras tantas palavras. Eu conseguia ler e escrever algumas palavras e frases, já no maternal. A professora pediu que ele parasse, eu estava me destacando entre os coleguinhas.
Ela não entendia que logo ele teria que deixar de me ensinar tudo da vida, por isso tanta pressa para que eu aprendesse o que ele tinha a ensinar.
Depois deixei de gostar de ler. Não sei exatamente quando, mas deixei. Lia porque a escola obrigava a ler. Nesta época, detestei ler Meu pé de laranja lima, A ilha perdida, A baía dos golfinhos e todos os outros títulos que estavam no programa da escola. Todos foram considerados como castigo para mim e a culpada disso tudo, era a preguiça. Antes das provas chorava pedindo a minha mãe que lesse para mim aqueles livros “enormes” e “chatos” que despertavam-me sono quando começava a ler. Ela reclamava um pouco, mas lia pacientemente. E eu escutava, só escutava. E assim passaram alguns anos.
Sem incentivos, sem marcos, voltei a gostar de ler. Lembro de um livro que li nesta época, chamado O diário de Anne Frank, falava sobre as vivências de uma garota de treze anos durante a Segunda Guerra Mundial.
As aulas de literatura e redação eram minhas favoritas neste período. Como era indecisa. Levava horas a pensar em como começar a escrever o texto. Mas, quando começava o lápis deslizava rapidamente no papel. Tirava boas notas. Mas nunca escrevia nada além do que a escola solicitava. Sempre fui condicionada a obrigação. Eu achava lindo quando via um diário de uma amiga, um poema da outra. Dizia para mim mesma: “Você tem que escrever alguma coisa”. Até tentava, ainda tento. Mas nunca gosto o bastante do que escrevo. Amasso o papel e jogo no lixo.
Hoje estou viciada na leitura. Sempre encontro um livro na bagunça da minha mochila. Se entro numa livraria, meus olhos brilham. É o lugar que me sinto bem. Às vezes fico imaginando trabalhar numa livraria. Eu ficaria em êxtase todo o dia, todos os dias, só de olhar para eles.
Leio gêneros variados. Os contos. Adoro ler contos. Rubem Fonseca, Nelson Rodrigues, Edgar Allan Poe, Jorge Luis Borges. Gosto também de Jornalismo Literário, ou New Journalism como queiram chamar, já li autores como Tom Wolf, Gay Talese, Trumman Capote, Caco Barcelos, Zuenir Ventura...Gosto de ler tantas coisas. Ainda falta me debruçar sobre as poesias.
Agora desejo mesmo é escrever.

4 comentários:

  1. Gostei de verdade, Jamile. Sinceramente. Inveja de como escreve. XD

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  2. Grata!
    Vamos escrever cada vez melhor.
    Beijo

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  3. Vcs são ótimos escritores! O processo de escrever e de reescrever é natural e deve sempre acontecer. Um escrito nos revela em um dado momento, depois que o produzimos, já estamos diferentes e logo a nossa avaliação desse texto será também diferente. Assim, entramos no processo de negar o que fizemos antes. Mas creio que esse processo seja bem produtivo para o nosso crescimento enquanto escritores.
    Ariadne.

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