quinta-feira, 3 de junho de 2010

O Leitor, Leitura na Intimidade e diferentes formas de Ler

Por Daniela Moreira

A escrita e a leitura sempre forão e continiaurão sendo algo indispensável na vida de uma sociedade, independente de época e de grupos sociais. O hábito de ler aguça o censo crítico do leitor e o torna mais criativo, dar-lhe outro modo vida, outra maneira de ver o mundo. No filme "O Leitor", podemos assistir à história de uma mulher que tem sua vida transformada, também, pelo fato de ler. A personagem Hanna apaixona-se por um rapaz bem mais jovem, um estudante com idade de ser filho. Em seus encontros amorosos, Michael leva livros e lê para ela. Essa prática de ler para alguém, nos leva a refletir sobre o texto "Diferentes Formas de Ler", de Márcia Abreu, aonde podemos observar que do séc. IV d.C ao séc. XIV, ler em voz alta era regra. Lia-se em voz alta, nos mais variados ambientes, a exemplo de salões, cafés, casas etc. Nessa época, esse tipo de leitura era visto como meio de socialização e entretenimento. Ler em silêncio não era uma prática vista com bons olhos naquele contexto. 
No filme, notamos, também, os locais escolhidos pelo casal para desfrutarem da leitura: praticamente em todos os cômodos da casa de Hanna. Partindo desse ponto, podemos fazer uma ponte com  "Leitura na Intimidade", texto de Alberto Manguel (1987), o qual fala sobre o(s) lugar(es) onde se prática a leitura, bem como da posição e das formas de se ler. Hanna e Michael liam muito na cama e no texto o autor fala sobre esse ato
     
Mas há algo mais do que entretenimento no ato de ler na cama: uma qualidade especial de privacidade ler na cama é um autocentrado, imóvel livre das convenções sociais comuns, invisíveis ao mundo, e algo que, por acontecer entre lençóis, no reino da luxúria e da ociosidade pecaminosa, tem algo da emoção das coisas proibidas. ( MANGUEL, 1987, p. 180).                      
               
Em meio a tantos livros que Michael lê para Hanna, seu preferido é "A Odisséia de Homero, um clássico da literatura. A questão da leitura de romances é, também, bordada no texto "Diferentes Formas de Ler". Enquanto estimulamos à leitura de romances, no séc. XIX, essa prática era vista como perigosa para moral, especialmente de mulheres e moças, pois acreditava-se que a leitura tinha um grande poder de determinação no comportamento das pessoas. Por conta disso, na França, houve aprovações de Leis que proibiam a criação e a edição de romances. De fato, a leitura influência e muito a conduta de um leitor, podendo, até mesmo mudar sua opinião em relação a determinado assunto. No caso de Hanna, teve sua vida transformada, também, pela falta de leitura. Sentia-se envergonhada por não saber ler, e por isso, não aceitou a promoção no seu emprego. Sendo assim, foi trabalhar na SS, polícia nazista, e foi julgada por atrocidades cometidas contra as judias de quem tomava conta. De certa forma, ela se sente mais envergonhada por não saber ler, do que por ter participado do holocausto. Hanna tem sua opinião diferenciada das outras rés, contudo, poderia ter tido uma pena similar à das outras condenadas, pois ela não agiu sozinha, porém o constrangimento, de repente até o medo de revelar, diante de uma sociedade "letrada" o analfabetismo, o fato de ser "ignorante", juntamente com o seu comportamento em relação as judias contribuíram para o fim da personagem, que, depois de muito tempo, aprende, praticamente sozinha a ler na prisão, mais, foi um pouco tarde. a falta de leitura, realmente, fez muita falta na vida de Hanna. Infelizmente, ainda, existem centenas de pessoas no Brasil, que não sabem ler, mas reconhecem a importância da leitura. Outras, que sabem, mas não se interessam muito por tal. O hábito de ler influência e transforma a realidade de uma pessoa.         

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