terça-feira, 8 de junho de 2010

Mais do mesmo.

"Quando a realidade me entra pelos olhos, o meu pequeno mundo desaba." (RAMOS, Graciliano. Angústia. 63. Edição. São Paulo: Record, 2008.)
Semana atípica. Mais apática que o normal. A chuva incessante traz a ilusão dos compromissos adiados. Deixei tudo pra depois. Desisto. Noites marcadas pela insônia: sonho o que quero esquecer e acordo para esquecer de sonhar. Tento pensar o mais difícil e busco os apertos de mão dos possíveis aliados, mas, não consigo baixar a guarda totalmente. É preciso ouvir para saber que as palavras machucam. Estou mais egoísta. Quero pensar um pouco nas coisas que me inquietam. A vida está com muito contraste e pouco brilho. E preciso tirar os óculos para conseguir ver através do cinza que se espalha...
"Uma chuvinha renitente açoita as folhas da mangueira que ensombra o fundo do meu quintal, a água empapa o chão, mole como terra de cemitério, qualquer coisa desagradável persegue-me sem se fixar claramente no meu espírito. Sinto-me aborrecido, aperreado." (idem.)
O sofá branco, que outrora lembrava-me a alegria da reunião, encontra-se mascarado de vermelho para testemunhar os gritos sem fundamento e as lágrimas que fogem após um bocejo. Nada não, só um cisco. Passo os dias ouvindo o vento que, ao encontrar com as janelas, uiva e acalenta o corpo já cansado. Falta a pulsação. Percebo que me cai bem ficar sozinha. Começo a ouvir os meus própiros gritos no meio de todo o silêncio. E isso é o que a chuva me traz de melhor.
"Debaixo da chuva azucrinante, espécie de neblina pegajosa, a mangueira do quintal e as roseiras da casa vizinha estão quase invisíveis." (ibidem.)

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