terça-feira, 8 de junho de 2010

Sob o olhar imaginário dos ausentes.

"Compadre meu Quelemém, muitos anos depois, me ensinou que todo desejo a gente realizar alcança - se tiver ânimo para cumprir, sete dias seguidos, a energia e paciência forte de só fazer o que dá desgosto, nôjo, gastura e cansaço, e de rejeitar toda qualidade de prazer." Grande Sertão: Veredas*.
Não. Não continuei nada ainda. Continuar é arte que não me pertence. Começar o que quero pressupõe abdicar de gostos, de rostos, de jeitos. Continuar indica uma inclinação para a força. Ser forte. Requer negação. Só mais uma hora, só mais um dia. O primeiro passo: um plano, um desejo, um objetivo. Paro. A incredulidade. A consiência. A realidade. O pessimismo.
Me sobra a vontade de mudar, embutida nela a natureza mimada de quem sempre teve tudo nas mãos e espera uma pílula de resolução de problemas. Triste, mas condiz com a realidade. Desacredito dos sonhos. Desacreditam de mim. Palavras vagas tentam me manter conformada, alienada, perdida.
As coisas seguem à deriva, como sempre.
(20/04/2009).

*Fico devendo a referência de acordo com as normas da ABNT.

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